23.3.10

Questões sobre o consumidor

Ontem, 22/03, fui ao JEC de Guaíba assistir algumas audiências para cumprir metas da Universidade em relação a prática jurídica. Como eu já trabalho em escritório de advocacia desde os dez anos de idade, já estou familiarizado com audiências, mas ontem algo estaria me aguardando, uma questão seria levantada.
Pois bem, me dirigi ao Foro de Guaíba, e chegando lá o JEC (Juizado Especial Cível) já estava bombando, eram inúmeras pessoas aguardando suas audiências. A conversa rolava solta, era um barulho que atrapalhava até os pensamentos. Barulho de consumidores lesados, humilhados, enganados, que tiveram que se sujeitar a ter de ir ao Foro as sete da noite, com seus filhos pequenos, para participar de uma legítima "batalha judicial".
Entrei na sala de audiências, sentei-me ao canto direito da sala, e fiquei no aguardo das partes. O Juiz (Leigo) estava de semblante sério, sendo claro a qualquer um ver que ele não estava gostando de estar alí, na escória do meio judicial, onde os mais pobres e necessitados vão para discutir suas dívidas ou embrulhos comerciais.
As partes demoraram a aparecer, não tinham ouvido o chamado, pois a massa enfurecida esbravejava no lado de fora. O oficial se esforçava para chamar os faltantes, mas era difícil.
Algum tempo depois apareceram as partes, a autora da ação, uma moça de uns trinta anos, sem advogado, e a parte ré, uma grande loja de varejo, com preposto e advogado. Nestes detalhes já se vê a desparidade da relação. A moça estava inconformada.
A sua história era mais ou menos assim: A autora comprou uma bicicleta, que fora furtada por um marginal conhecido da região. Ao tentar registrar a ocorrência, pedindo que o objeto fosse recuperado, a polícia pediu o número do Chassis da bicicleta, o qual ela não possuia (nem nenhum documento sobre). Então ela foi até a loja, para que isso lhe fosse fornecido. Ela ouviu um NÃO, e não teve escolha: JUSTIÇA NELES.
Após o relato fiquei pensando "Como é possível?" - O consumidor confiou naquela loja, naqueles atendentes tão bem arrumados, naquele serviço de entrega do bem, nos folders da loja com atrizes bonitas e atores atraentes aos olhos da mulherada, e no final acabou sendo deixado na mão pela loja que tão bem soube vender.
Essa desídia está abarrotando o nosso judiciário. É necessária uma conscientização, pelo serviço melhor prestado, para evitar este tipo de reação do consumidor: JUSTIÇA NELES.
André Silveira

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